Familiares e amigos fizeram uma passeata silenciosa no 
domingo no Centro de Erechim, pedindo Justiça
foto: Egídio Lazzarotto

Fonte: Jornal Boa Vista

Na tarde de domingo, 19 de agosto, familiares e amigos de Selvino Aléxis Michalski, 74 anos, morto na sexta-feira por tiros disparados pela Brigada Militar fizeram uma passeata silenciosa pela Avenida Maurício Cardoso, partindo do Viaduto Rubem Berta e desceram até a Praça da Bandeira onde deram um abraço na praça pela paz. Mais 100 pessoas participam do ato. Dezenas de cartazes pediam justiça.

O caso
O atendimento de uma ocorrência pela Brigada Militar de Erechim, acabou da pior maneira possível na manhã da sexta-feira, 17. Ocorre que o idoso, Selvino Aléxis Michalski, 74 anos, que deu origem ao caso, acabou sendo morto pela Brigada Militar (BM). De acordo com o comandante do 13 Batalhão de Polícia Militar (13 BPM), Ten Cel Gilceu Antonio Souza, às 6h45min a BM deslocou uma viatura até o bairro Cotrel, acionada por pessoas daquela região da cidade. Um homem armado estaria fazendo ameaças a um funcionário. No local a BM teria constatado o fato. 

Um processo de negociação teria se iniciado, mas o homem não largava a arma. Minutos depois, mais duas viaturas chegaram ao local. Em uma delas, na terceira segundo o comandante do 13 BPM, estaria uma arma Taser (que dispara choques e imobiliza a vítima). Diante da recusa do homem em largar a arma e se entregar, um policial teria feito um disparo com a arma de choque, mas não se sabe por que, o disparo não surtiu efeito. 

Imediatamente o homem teria então reagido e efetuado três disparos de revólver contra a Brigada Militar que revidou. Segundo o comandante do 13 BPM o homem foi atingido por um disparo de espingarda, calibre 12. Ele ainda estaria com vida e foi levado até o Hospital Santa Terezinha, onde morreu.


O comandante do 13 BPM disse que todas as armas foram recolhidas (o revólver calibre 38 do idoso, que não teria registro de acordo com a BM, a pistola Taser e a espingarda calibre 12), e colocadas à disposição da perícia. O local foi isolado também para o serviço de perícia por técnicos do IGP de Passo Fundo. O comandante do 13 BPM determinou ainda a abertura de um inquérito policial militar. A polícia civil também deverá abrir um inquérito para investigar as circunstâncias em que o fato aconteceu, segundo confirmação do delegado regional de polícia, Gerson Fraga.

Filha fala em assassinato
A médica Joice Michalski, que reside e trabalha em Charqueadas, filha do idoso morto, estava inconsolável e disse que irá às últimas conseqüências para esclarecer a verdade dos fatos. “Eu quero justiça”, disse. Ela entende que o pai acabou sendo “assassinado” pela policia militar. Segundo a filha da vítima o pai estaria em surto, mas um processo que não justificaria a reação da BM. 

Ela questiona porquê o corpo foi removido do local, antes da perícia. A partir de provas que ela e a família juntaram, ao longo do dia, a filha afirma que seu pai morreu no local. O idoso teria sido atingido pelo menos por três disparos – e não um como o comandante do 13 BPM afirmou. As perfurações também seriam diferentes, levando a crer que houve tiros de pistola e de espingarda calibre 12. 

A filha da vítima observou que o pai passou a noite trabalhando, e que vinha tentando ser convencido pela família para submeter-se a um tratamento. Chorando afirmou que houve “exagero e despreparo. Por que não atiraram nas pernas então?”, indagou. Ela disse que vai processar o Estado e que deseja justiça.

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