Esta excelente reportagem foi publicada no jornal Zero Hora do último domingo, 7 de junho de 2009. O personagem principal é o Delcir Sonda, que tem relações com familiares de Cotegipe e mais, é um grande patrocinador do Internacional. Vale a pena ler. 


Supermercadista de Erechim, Sonda trouxe Nilmar, D’Ale e Kleber para o Inter


Por  Leonardo Oliveira

A trajetória de Delcir Sonda, 62 anos, pode ser resumida assim: na virada da década de 60, ele guiava caminhões de feijão até São Paulo; quatro décadas depois, como um dos maiores supermercadistas do Brasil, faz o caminho de volta e investe caminhões de dinheiro no Inter. 

A relação empresarial entre Delcir e o time do coração ajudou a trazer Nilmar, D’Alessandro, Kleber e, mais recentemente, o equatoriano Bolaños, que veio do Santos, time pelo qual o empresário também é apaixonado e coloca jogadores. A aproximação com o Inter foi quase acidental, em 2005. Sonda veio ao banquete de 96 anos do clube com o apresentador de TV Milton Neves, amigo e vizinho de muro em Alphaville, região de condomínios de milionários em Barueri, na Grande São Paulo. 

No salão do Leopoldina Juvenil, Neves abordou o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff:– Este aqui é o Delcir Sonda, supermercadista saído de Erechim, como o senhor, mas colorado uma barbaridade – apresentou-lhes Milton. Koff revela não lembrar de Sonda dos tempos de Erechim. Há 16 anos de diferença de idade entre eles e, quando os negócios da família começavam a prosperar, o então juiz deixava Erechim.
Tampouco imaginava estar diante do dono de um império em São Paulo. 


Koff aproveitou que o presidente do Inter à época, Fernando Carvalho, passava por perto e, gentil, apresentou-lhes – Esse é um empresário gaúcho radicado em São Paulo. É colorado, se fosse gremista ainda vá lá – brincou Koff antes de bater em retirada. Sonda passou a acompanhar os jogos do Inter fora de Porto Alegre. Se hospedava no mesmo hotel da delegação, o que estreitou a relação com Carvalho. 

A amizade permitiu ao presidente recorrer a Sonda para quitar contas urgentes do clube. Em troca de 2 milhões de euros, deu 25% dos direitos de Sobis. Em seguida, surgiu a oportunidade de comprar Renteria, por US$ 2 milhões, ao Boyacá. Com Sobis, praticamente empatou. O investimento no colombiano, porém, deu retorno. O lucro já é de US$ 1 milhão, e ele ainda detém 50% dos direitos.

O Inter abriu para Sonda as portas de um negócio cuja rentabilidade ele nunca vislumbrou nem em sonho. O caso de Breno, zagueiro do São Paulo, é exemplar: investiu R$ 400 mil e, seis meses depois, viu entrar na sua conta R$ 10 milhões quando foi vendido ao Bayern, de Munique. As cifras em progressão geométrica fizeram o empresário criar um braço esportivo na empresa, a DIS. Segundo pessoas próximas, o irmão e sócio, Idi, e os executivos tocam o negócio. Sonda é quem se dedica ao futebol. Em julho, instala escritório na Rua Padre Chagas, na Capital. 




Os Sonda sempre foram afeiçoados ao futebol. Desde quando o pai, o filho de italianos Andrea, administrava o secos e molhados em Linha Sete de Setembro, interior de Erval Grande, a meio caminho de Erechim. Vendiam alimentos, tecidos e implementos agrícolas para os colonos. Em 1968, Andrea levou a mulher e os quatro filhos para Erechim e abriu atacado de cereais e mercadorias. Na mesma época, Delcir lotava o caminhão com feijão e o dirigia até São Paulo. Descobriu que seria mais lucrativo se fixar por lá. 

Em 1970, abriu atacado na zona cerealista do Brás. Quatro anos depois, veio o primeiro supermercado da família em Erechim. A rede ganhou ares paulista em 1980, com loja no Jaçanã. A partir daí, o Grupo Sonda se turbinou. Fechou 2008 com 22 lojas e participação nos shoppings Anália Franco, no bairro Tatuapé, e Boavista, no Alto da Boa Vista. A empresa conta com 5 mil funcionários e fatura R$ 1 bilhão por ano. O suficiente para Sonda restringir suas ações aos negócios no futebol e à doação de toneladas de alimentos para entidades filantrópicas.

Como bom descendente de italiano, Sonda se diverte trabalhando. Seus conhecidos dizem se tratar de exemplo de humildade. O que não o impede de usufruir dos prazeres da vida. É reconhecido como bon vivant. Separado e sem filhos, dorme tarde e raramente acorda cedo.
Quem o conhece aponta a vaidade como outro traço de sua personalidade. Aos 62 anos, mantém corpo atlético com horas de malhação e faz acupuntura. A cabeleira grisalha, farta e penteada para trás, lhe empresta ares de Robert Redford. 


As roupas são joviais. Na final da Copa Sul-Americana, usava jeans e camiseta da Diesel marcando o corpo. Contrastava com o irmão, quatro anos mais velho e com recatado agasalho do Inter. Apesar de vaidoso, Sonda é avesso a entrevistas. ZH tentou por caminhos diversos conversar com ele. Através de intermediários, negou de maneira polida. Também com sutileza começa a mudar sua estratégia de investimentos. Em vez de comprar os direitos federativos, passará a adquirir procurações de atletas jovens. Taison estaria entre estes. A matemática é simples: deixa de investir milhões para gastar em torno de R$ 100 mil pelo direito de cuidar da carreira do atleta. 

O escritório em Porto Alegre servirá para dar aos jovens clientes a liberdade de se preocuparem apenas em jogar. Simbolicamente, representa a volta de Sonda ao Estado depois de 40 anos. Um retorno triunfal para quem deixou Erechim guiando um caminhão de feijão." 




1 Comentários

  1. Muito interessante a história do Alcir Sonda, muitos detalhes desmentiram informações que eu tinha, por exemplo a idade, que a princípio seria 80 anos, mas na realidade é 72. Felizmente o Alcir é colorado.

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