"Durante toda minha infância vivida em Barão de Cotegipe me lembro de ter contemplado diariamente as pinturas de Antonio Daumer. Ficavam na parede da sala, no lugar de honra, um de cada lado do coração de Jesus da minha mãe, Dona Tonita. O pintor virou nome de rua, mas talvez apenas sua família possa contar sua história. Da minha parte, posso contar apenas que ele gostava de pintar sobre madeira de cedro e que meu pai (Werner Dexheimer) era apaixonado por suas paisagens.
Na casa onde vive hoje, (sim, ele sobreviveu a dois enfartos sem sequelas e já saiu do hospital) há uma parede com diversas dessas pinturas e uma das que ocupava a sala de Cotegipe, está comigo. Ela mostra um homem carregando um saco nas costas, subindo por uma estradinha com neve.
Quando criança eu o imaginava como um daqueles pioneiros habitantes da região, que vinham buscar mantimentos e fumo em rolo na loja dos Rosa, retornando para sua casa.
Mais tarde, comecei a pensar nesse homem como alguém indo embora e de certo modo simbolizando todos os que foram embora de Cotegipe. Inclusive a mim. Hoje, de modo bem especifico, estou vendo essa pintura como o símbolo das pessoas que usaram este blog, criado com a intenção de congregar, relembrar e resgatar memórias, de forma grosseira e depois viraram as costas, carregando seu fardo de maldades e frustrações, caminhando em meio ao gelo.
Aí está a imagem, como um presente a todos os cotegipenses que não conheceram o trabalho de Antonio Daumer e também como uma mensagem a todos os que silenciaram diante do problema vivido pelo editor desse blog.
Se fosse eu a editar o blog, por puro afeto a um lugar perdido no mundo e único, chamado Barão de Cotegipe, com certeza deixaria de editá-lo, tão magoada estaria. Prefiro que isso não aconteça e que encarando o problema, possamos dar uma força ao Jorge, não o deixando carregar sozinho esse fardo.
Sim, porque o homem do quadro, também pode se tornar alguém que simplesmente desiste, vai embora, abandona seus projetos. O que ninguém quer, tenho certeza. Pelo menos as pessoas de bem não querem. (Depoimento enviado por Maria Elisa Dexheimer Pereira da Silva, filha do doutor Werner)


Quem foi Antônio Daumer
“Nos primeiros anos da colonização, quando alguém adoecia, tentava primeiro em debelar a doença com ervas e chás caseiros, mas em casos mais graves, o morador do povoado de Floresta tinha que procurar assistência médica em Boa Vista ou no antigo Erechim (hoje Getúlio Vargas). 
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Mas lá pelo ano de 1913, chegou a Floresta um senhor de nacionalidade alemã de nome Antônio Daumer que foi, sem dúvida, o primeiro médico (ou curandeiro) da localidade. E na falta de um bom médico formado, prestou bons serviços à comunidade, atendendo a todos os que o procuravam, receitando remédios, curando ferimentos e aplicando injeções.


Era também um excelente fotógrafo e pintor de quadros. Gostava também de animais e possuía, além de um viveiro de pássaros, alguns bichos, como macaco, etc.” “Já avançado em anos, (Antônio) casou-se com uma moça de sobrenome Karpinski, com a qual teve uma filha, Angia K Dauhmer.”


Fonte: O relato acima foi extraído do livro: “O Grande Erechim e sua história” de Antonio Ducatti Neto, Publicado pela: EST ano de 1981 - (nas páginas 315, 316, 317 e 318).

1 Comentários

  1. Maria Elisa, obrigado pelas duas contribuições: histórica, lembrando do doutor Dahmer, que foi muito importante para Cotegipe e pouca gente sabe de sua existência, principalmente como artista;
    e pessoal, por oferecer um ombro camarada, neste momento em que, como você disse, houve uma debandada geral aqui no blog.
    Sim, realmente fiquei com vontade de imitar o homem do quadro e parar de editar este blog, pois percebi que era um trabalho inócuo, mas tenho a veia jornalística que é mais forte e também a certeza de que estou fazendo o que é certo. A Justiça tarda mas não falha, e os acontecimentos dos últimos dias em Cotegipe mostram isso.
    Obrigado pelo apoio

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