No próximo dia 26, cerca de 400 pessoas se reunirão no Lira Tênis Clube, em Florianópolis, para comemorar a 2ª Festa Anual dos Dinossauros de O Estado. A maioria será de jornalistas. O número deve ser superior ao primeiro encontro, realizado no ano passado. Dinossauros é a denominação que um grupo de jornalistas criou para designar as pessoas que trabalharam no extinto jornal O Estado, um dos mais importantes de Santa Catarina e que durante 90 anos circulou por todo o Estado, levando informação para a população catarinense.

Com administração familiar, o jornal não resistiu à pressão do maior grupo de comunicação da região Sul do País e foi extinto na década de 90. A agonia de O Estado foi lenta. De abrangência estadual, com sucursais e correspondentes nas principais cidades do interior, nos últimos anos teve seu raio de cobertura restrito à região da Grande Florianópolis, até sua extinção, quando, dizem alguns, seus exemplares não iam além da ponte Hercílio Luz.

Bem, eu faço parte desse grupo de dinossauros. Foi lá que comecei a trabalhar como jornalista em 1985. Por isso, tenho um carinho especial para com o jornal. Foi nele que me descobri profissionalmente e fiz amizades que duram até hoje. Aliás, foi conversando com estas pessoas através de uma rede social que surgiu a ideia do encontro, que, a princípio, imaginávamos reunir umas 50 pessoas. A quantidade nos surpreendeu e mostrou que todos tinham muito carinho pelo mais antigo, como também é chamado.

Fazer jornalismo naquela época era ser movido pela paixão. Quem trabalha numa redação hoje não imagina como era naquela época. Íamos para as ruas apenas com um bloco de anotações, uma caneta e algumas fichas telefônicas. Não existia celular ou rádio. Tínhamos as velhas máquinas de escrever e as laudas. O repórter tinha que vir da rua com a reportagem pronta na cabeça, pois não tinha essa de apagar o texto na tela, como se faz hoje com o computador. Se errava uma frase, tinha que recomeçar todo o texto. O horário de fechamento da edição era mais cedo, já que o processo do jornal envolvia várias etapas que não existem mais hoje (como o setor de revisão) e máquinas de impressão lentas e antiquadas.

Como repórter de O Estado passei por situações curiosas como perseguir fugitivos da penitenciária pela BR-101, passar a noite na entrada de Joinville junto com a PM para prender sequestradores; escrever reportagens diretamente no telex nas sucursais do interior; cobrir a desgraça provocada por uma tempestade de granizo no Sul do Estado; descobrir as belezas das praias da Ilha como da Lagoinha do Leste, cobrir a chegada de milhares de argentinos à Ilha, que na década de 80 vinham de táxi, tão barato estava o Brasil; mostrar as peculariedades dos “manés” da ilha, como são chamados os nativos; cobrir a famigerada Farra do Boi; recolher pinguins na praia em pleno verão e é claro, mostrar as belezas da ilha.

Trabalhei quatro e intensos anos no O Estado. Fui repórter especial e editor, até que decidi largar tudo e vir para São Paulo. Aquela velha história, a primeira impressão é que fica. E certamente ficou, não só do jornal, mas dos amigos que lá criei e que perduram por toda vida. Como disse uma amiga, somos dinossauros sim, mas ainda não estamos extintos.

1 Comentários

  1. Como não lembrar do jornal O ESTADO, e bom saber que um colega trabalhou nele.è como lembrar de BARÃO DE COTEGIPE.Cidade inesquecível.

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