Finalmente chegamos a época mais bonita do ano. É um período de festas, de fortes emoções, de reencontros, de trocas, de rezas e de muita alegria. Não dá para ficar insensível. O Natal é o reflexo da alegria no rosto da criança com seu brinquedo novo. Para os adultos é o momento de abusar da comida, da bebida e das emoções. Já o Ano Novo representa tudo de bom que queremos para mais 365 dias. È um reiniciar hipotético, mas que sempre traz força para continuarmos na luta. Depois disso vem as férias, a praia, o carnaval e por fim as águas de março que lavam tudo e aí sim começamos o ano pra valer.

  
    Esse clima de final de ano lembra um episódio muito bonito ocorrido em Cotegipe. Na verdade, quem lembrou da história com detalhes foi meu velho amigo Edgar Tussi. Nascemos e nos criamos em Cotegipe, até que o destino mandou cada um viver em lugares diferentes. Nos encontrávamos nas férias. Aliás, era o momento em que vários amigos que estudavam fora retornavam para Cotegipe. E aí era uma grande confraternização.

    Diante da perspectiva de não acontecer nada na virada do ano, resolvemos organizar um réveillon que levasse as pessoas para as ruas de Cotegipe. Fomos à luta com o apoio dos amigos Geraldo Zunkoswki, Renato Tussi, os Rosa (Luiz, Carlos e Paulo - Bolacha), os Dalla Vechia (Cati e Ade), o Valdoir Subacz e outros amigos que no momento não lembro. 


Sinos badalam 

    Passamos no comércio arrecadando fundos. Uns doavam e outros nos corriam. Mas conseguimos o comprometimento de várias pessoas de que iriam participar da carreata à meia-noite. Meu pai e o Sr. Matiasso (Lembram dele???)se prontificaram a fazer e disparar morteiros ao lado da igreja. Meu padrinho Delmir e meu irmão João ficaram com a missão de badalar os sinos da igreja na virada do ano. Nós compramos fogos de artifício e champanhe (espumante). E deu tudo certo.

 
    À meia-noite os morteiros e fogos de artifícios iluminaram a cidade, os sinos badalaram e dezenas de carros circularam pelas ruas tranquilas. Puxando o desfile ia o Sr. Hélio Welker com a sirene do seu Buick tocando, seguido pelo Sr. Olivo Dalla Vechia e uma longa fila de carros buzinando e piscando faróis. Foi uma linda passeata. 

    Quem estava em casa saiu para desejar Feliz Ano Novo de forma alegre e festiva. Muitas voltas e buzinadas depois paramos em frente ao "Café" (antiga rodoviária) para comemorar.

Bom princípio

    Seu Olivo, bastante emocionado e alegre, abraçava todos e repetia a frase "Bom princípio e coraggio nene", com seu sotaque italiano carregado. Até hoje repito a frase a cada virada de ano. Depois, saímos pelas ruas de Cotegipe a pé, cantando e desejando feliz Ano Novo de casa em casa, até o amanhecer. Uns nos recebiam com ceia, outros com bebida e outros com muita alegria. Foi uma festa emocionante que até hoje ecoa na memória. 

    São esses momentos que marcam épocas e amizades. Espero que nesta virada a alegria se repita, seja na rua ou na intimidade do lar. Que todos comemorem o ano que está por vir e agradeçam ao 2020, mesmo que ele não tenha sido exemplar em tudo". 
 

"Buon princípio e coraggio nene"

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