Carnaval no balneário

Não sei como é hoje o Carnaval em Cotegipe, mas tempos atrás, era feito com marchinhas tiradas da gaita e do violão em um salão empoeirado, lotado e muito quente.

Nos divertiamos nos bailes nas Linhas (Duas, Quatro), Ponte Preta, Seis, Sérvia, etc. De vez em quando surgia uma briga e alguns tiros eram disparados para o alto. Era gente correndo, pulando janela. Logo os ânimos acalmavam, a gaita voltava a roncar e todos retornavam ao salão. Uma tranquilidade, se comparada à violência de hoje.

Mas, nem tudo eram flores. E eu senti isso literalmente na pele, ou melhor, no braço. Conto para vocês. O baile de carnaval era no balneário de Cotegipe. Nossa turma foi toda para lá. Um amigo, que era muito mulherengo, começou a mexer com umas mulheres. Só notei que algo estava errado quando este meu amigo saiu correndo e na minha frente apareceram dois sujeitos com faca em punho prontos para abrir miha barriga.

Sem entender nada, fui me esquivando dos golpes que cortavam o ar, até que um destes golpes atingiu meu braço esquerdo abrindo um talho. Lembro que o baile parou, todo mundo ficou olhando a cena, mas ninguém fez absolutamente nada. Se não fosse a intervenção rápida de policiais, provalvelmente eu não estaria aqui escrevendo isso para voces.

Com o braço sangrando, um colega dentista, que hoje mora no Paraná, me levou para seu consultório e costurou o corte. Sem anestesia. Depois fui para casa dormir, abalado pela violência que sofrera.

De acordo com a polícia, os agressores eram de Erechim e amantes das mulheres que meu amigo estava paquerando.

Não foi uma boa experiência de carnaval, mas claro, logo superada. De qualquer forma, o ambiente de carnaval deve ser bem escolhido para que nada estrague a festa.