Freddie Mercury durante apresentação no Rock in Rio, em 1985: a recepção calorosa do público é considerada uma das suas melhores recebida pela banda; cena é representada no filme Bohemian Rhapsody

Eu era apenas um jovem do interior do Rio Grande do Sul, com pouco conhecimento sobre o que acontecia no mundo, mas com grande sede em aprender e conhecer, quando meu irmão, que morava em Porto Alegre (ou Florianópolis, não lembro), me trouxe uma fita K-7 de uma banda de rock.

A capa era bonita, cheia de cores e o nome meio estranho "Queen". Lá no meu quartinho tinha um gravador ligado a uma caixa de som que comprara com meu salário de funcionário de um escritório local. Era uma caixa bem potente, que podia ser ouvida muito além das paredes de madeira da casa.

Ansioso, coloquei aquela fita pra rodar no gravador e fiquei abismado, aumentando o volume a cada música. Não entendia nada de inglês, mas o solo tirado da guitarra, do baixo, a batida da bateria e a voz daquele cantor me deixaram estupefato. Não conseguia parar de repetir o refrão das músicas We Will Rock You e 
We Are The Champions. Estava diante de algo fora da curva para os padrões locais.

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Como toda cidade do interior, numa época em que nem rádio FM existia, o máximo que se ouvia eram os vanerões gauchescos. Na época, para meu pai instalar um toca-fitas no Corcel e lá fui eu desfilar pelas quatro ou cinco ruas da cidade ouvindo em alto volume o Queen. Certamente deveriam me achar um louco, ou um "emaconhado", como se dizia na época. Essa pecha deve ter se acentuado depois, quando passei a ouvir Led Zeppelin, Supertramp, Pink Floyd, The Who e outras bandas rock pauleira.

Mas, voltando ao Queen, tive duas amigas que me acompanharam no gosto. Uma delas chegou a comprar dois discos do Queen e saboreávamos cada solo da guitarra, cada batida da bateria e a voz poderosa do Freddie. Era um som que entrava na alma.

Capa do disco que me fascinou
O tempo passou, muitas outras bandas vieram e o Queen ficou meio de lado, até domingo à noite, noite de entrega do Oscar 2019. Sabia que o filme Bohemian Rhapsody, que conta a história do Queen, com destaque para o vocalista e, digamos, líder da banda, Freddie Mercury, apesar de ele negar este rótulo, estava concorrendo ao Oscar. Apesar de sido lançado há alguns meses no cinema, ainda não tinha visto. Então, antes de começar a cerimônia, eu e minha mulher resolvemos assistir o filme.

Não consegui conter algumas lágrimas que rolaram pelo rosto (ficando velho e sentimental). Primeiro pela força do Freddie, que saiu do subúrbio londrino para conquistar o mundo com sua voz e estilo, mesmo contra a vontade do pai (sempre assim) e encarando inúmeros preconceitos por ser gay.

Segundo, por lembrar da minha adolescência em Barão de Cotegipe e de pessoas queridas com quem convivi. Críticos dizem que o filme não retrata fielmente a história da banda, mas o que interessa é reviver momentos mágicos. Música é isso, e viva a Rainha. 

O ator Gwilym Lee interpreta o guitarrista Brian May e Rami Malek o vocalista Freddie Mercury no filme Bohemian Rhapsody

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