Nas cidades-sedes da Copa do Mundo está sendo veiculada uma campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. A iniciativa visa conter a exploração infanto-juvenil, que acontece o tempo todo no País, mas que deve aumentar durante a Copa. Estima-se que 600 mil turistas estrangeiros virão para o Brasil, 83% homens, 60% solteiros, com alta renda, que vêm em busca de algo além do futebol.

A campanha é o mínimo que os governos municipal, estadual e federal podem fazer. Em fevereiro, um jornal catarinense, aproveitando a realização do Congresso Técnico da Fifa em um resort em Florianópolis, que reuniu representantes das seleções, publicou o encarte turístico “Welcome to Floripa”, um guia com endereços de restaurantes, bares, casas de show etc. Até aí tudo bem.

O que indignou os catarinenses é que a publicação trazia anúncio de página inteira do Bokarra Club, um famoso prostíbulo na Capital catarinense, com a imagem de cinco lindas mulheres seminuas. Um claro convite ao turismo sexual. A imagem constrangeu e indignou os catarinenses, que se manifestaram nas redes sociais condenando a publicação. No mesmo dia a direção do jornal publicou uma nota pedindo desculpas.

O jornal fez o que ocorre há séculos, que é divulgar o Brasil no Exterior como um País erotizado, de mulheres seminuas em praias paradisíacas, Carnaval, e claro, futebol. A mulher brasileira vira uma mercadoria oferecida aos gringos. Brasileiras que viajam ao Exterior já passaram por constrangimento ao serem confundidas com prostitutas. É a propaganda sexualizada que o Brasil faz do Brasil, portanto, nada mais natural que o Norte e o Nordeste sejam invadidos por estrangeiros sedentos por sexo barato com crianças e adolescentes.

Dias depois foi a vez da Adidas, patrocinadora oficial da pelada mundial, colocar à venda no mercado americano duas camisetas promocionais, uma com um coração em forma de bunda com fio dental e a frase “I Coração Brasil” e a outra com uma bela mulata tendo ao fundo o Pão de Açúcar e a frase “Looking to Score”, que tanto pode ser interpretada “querendo marcar gol” ou “querendo arrumar mulher”.

Os eventos mostram a ponta do iceberg do lado “B” da Copa do Mundo no País. E como se ve, o “B” não é de bola, é de bunda mesmo. As discussões em torno da Copa giram basicamente nas obras dos estádios, aeroportos e outros serviços. Pouco se fala no impacto social que isso terá na população, especialmente a de baixa renda, que se oferece, ou é coagida a participar de uma grande gincana sexual. De um lado, pessoas com alto poder aquisitivo dispostas a novas experiências e, do outro, uma população jovem, carente, pobre, disposta a tudo para mudar de vida.

O que será que está sendo oferecido sexualmente em outras cidades do País para os turistas da Copa? Não é hora de fechar os olhos. Se você presenciar abusos sexuais, faça sua parte, Disque 100, denuncie. Não desvie o olhar.

2 Comentários

  1. Muito bacana este blog, temos outras pessoas que deveriam ser homenageadas nele como a Dona Zelandia, alguem teria fotos?? gratidao!
    Atenciosamente,
    maria adriana krucinski

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    1. Oi Maria Adriana,
      fiz uma pequena citação da dona Zelândia neste artigo http://baraodecotegipe.blogspot.com.br/search?q=zel%C3%A2ndia&submit=Busca. Ou então digite zelândia no buscador do site que vai aparecer. Ela merece.
      Obrigado pela Leitura
      Jorge

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