Publicado no jornal CORREIO POPULAR

27/09/2013 - 22h56 |



O meu amigo Paulo, que mora em Florianópolis, fez um camarão na abóbora delicioso no almoço de ontem. No final da semana passada a galera jovem aqui da redação foi pra balada e se esbaldou. Como fiquei sabendo tudo isso? Simples, Paulo postou uma foto do seu prato no Facebook (FB). Da mesma forma fiquei sabendo da balada da moçada pelas várias fotos postadas no Facebook. Ah, e também soube que o Pedro foi fazer xixi. Ele postou no FB.

Assim caminha a humanidade, numa crescente e constante exposição do cotidiano individual para que todo mundo veja o que antes era privado por quatro paredes. Sim, todo mundo, inclusive aquele garoto lá do interior dos Estados Unidos que pegou a foto de uma menina no FB e a colocou, graças ao Fotoshop, em situações constrangedoras. Mas a garota não sabe disso, por enquanto, e quando souber, provavelmente será tarde demais.

Ok, vamos lá. Acho o Facebook uma excelente ferramenta para encontrar amigos perdidos no tempo, buscar artigos, reportagens, assuntos de interesse e, fofocas, é claro. Também é uma excelente ferramenta para jornalista encontrar entrevistado, mesmo quando eles não queiram dar entrevista. Está tudo lá, na página dele. Tenho Facebook, mas esqueço de entrar. Sou lembrado pelas mensagens que dizem que tem pessoas me cutucando, apesar de não sentir esse cutucão.

No entanto, vejo sua utilização como um grande depósito de egos. A linha divisória entre o público e o privado é muito tênue. O FB foi criado com esse propósito, que o diga o milionário garoto que sacou o quanto as pessoas gostam de se expor. Acho demais quando o próprio sujeito fica se autofotografando e postando na rede. E o que dizer das garotas em poses sensuais à espera do príncipe encantado via internet?

Esquecem que o que é postado na rede mundial fica na rede mundial. Será que daqui há alguns anos aquela garota, que se achou o máximo na foto, vai gostar de saber que perdeu o emprego milionário devido à pose sensual publicada com tanto prazer?? Aliás, postagens também geram demissões. E divórcios. Temo muito quando vejo fotos de crianças no Facebook. O que será que um maluco pode fazer com elas??

Recentemente a justiça obrigou o Facebook a pagar multa de R$ 5 mil a uma mulher do Distrito Federal devido a demora em deletar uma página falsa com seu perfil. O Facebook levou nove meses para apagar a página, período que provocou sérios constrangimentos à mulher. Aliás, uma multa insignificante diante do faturamento da empresa.

E curtir? Você gosta de curtir? Pois é, no Facebook se curte tudo, até quando é postada a morte de alguém. É o curtir ao contrário. E quando empresas imploram para você curtir sua página? Que me paguem para fazer propaganda gratuita para elas. Mas, Facebook é isso. Um grande depósito de egos, onde todos querem ser vistos em seus melhores ângulos. E ninguém consegue fica fora dele. A comunicação hoje passa pelo FB. A rede mundial está conectada, o que permite saber o que você fez ontem e o que vai fazer amanhã. O importante é saber o limite entre o público e o privado. Eu tenho Facebook. Acabei de ser curtido e receber uma cutucada. Vou lá ver quem bate à porta do meu mundo virtual.

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