Lá vem o Verão, com seu calor, amor e prazeres. Uma das estações mais esperadas e festejadas por todos. Sinônimo de Natal, Ano Novo, férias, fim de aulas, banho de mar, de rio, de cachoeira, sorvete, bebidas, praia lotada, viagens, congestionamentos e muita gente por todos os lados. É a loucura provocada pelo sol da estação. 

No entanto, longe de tudo isso, vem uma lembrança totalmente diferente: eu, meu pai e minha mãe sentados em cadeiras de palha na calçada em frente à casa deles, na pacata cidade de Barão de Cotegipe. Era final de tarde e a lua já surgia no céu antes mesmo dos últimos raios de sol se esconderem atrás da montanha do tio Gottardo. O calor escaldante do dia era varrido pelo frescor da brisa noturna. 



Era um momento mágico, com as estrelas nascendo no horizonte, clima suave, casais, crianças, caminhando despreocupadamente pelas ruas, aproveitando o agradável início da noite, sem pressa. Amigos e vizinhos paravam para conversar e tomar um chimarrão. Depois, seguiam seu rumo. No ar, o cheiro de comida saborosa que saia das casas. 

Nós três, sentados, conversando sobre tudo e nada. Apenas desfrutando de uma harmonia com a natureza, com o clima e com as pessoas. A impressão que eu tinha era de que a transposição do dia para a noite era muito lenta, dando tempo de absorver todos os ingredientes pairados no ar. Os vaga-lumes surgiam do nada, iluminados por suas lanternas verdes, num bailado desprovido de coreografia. Em determinada hora, meu pai apontava para o céu para mostrar o Cruzeiro do Sul e os satélites que cruzavam por entre as estrelas, rumo ao infinito. Eu acredito que eram satélites. 

Quando volto para esse lugar ainda fico encantado com aquele céu tão perto e tão estrelado. E à noite, o silêncio eloquente só é quebrado pelo barulho do único ônibus que passa na madrugada em direção à capital. Fora isso, na calma noturna dá até para ouvir a raposa roubando uva do parreiral.

Esse lugar ainda existe, menos a histórica casa onde meus pai viviam. É uma daquelas lembranças que fica gravada em um canto especial da memória. Faz parte de um momento simples, mas preenchido de muitos sentimentos. E de estrelas. 

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