Recebi a triste notícia da morte de Dona Júlia e do Perin, duas grandes pessoas. Conheci dona Júlia quando era criança, quando ela foi morar na casa do meu pai, com sua filha, Tânia. Logo eu e Tânia nos tornamos grandes amigos e dona Júlia era uma simpatia de pessoa. Sempre nos servia os piroguis, pastéis poloneses feitos com nata (acho, não tenho certeza). Moraram muitos anos na nossa casa e depois Tânia e seu marido compraram uma casa para ela, onde morou até agora.

Toda vez que ía a Cotegipe com minha família, dona Júlia fazia questão de nos visitar na casa da mãe e sempre nos trazia piroguis ou saborosas "cuecas-viradas". Ou então íamos na casa dela e sempre éramos muito bem recebidos, com doces e um gostoso chimarrão. Me tratava como se fosse filho. Ela gostava muito da minha mãe e sempre que podia ia visitá-la. Dona Júlia era uma pessoa simples, pura e com grande amor no coração. É com grande tristeza que noticio sua passagem. Acho que agora ela está conversando com minha mãe e tomando um chimarrão.

Nessa roda lá no céu deve estar também o paí e seu grande amigo Perin, que também acaba de fazer sua passagem. Perin tratava meu pai como se fosse seu pai. Era uma cara alegre, brincalhão e sempre disposto a comer um churrasco e a jogar uma bocha. Meu pai gostava muito dele. Quando podia, passava lá em casa para tomar um uísque.

O Perin foi um grande incentivador para mim como motorista. Uma vez fui junto com ele e o pai jogar bocha em Linha Seis. Estava aprendendo a dirigir e conseguir dar um ré no corcel, na subida, sem fazer o carro ir para frente. Perin deu um grito de alegria e disse que eu seria um grande motorista. Posso dizer que ele tinha razão, pois nunca sofri nenhum grave acidente, graças a Deus. Mas com essa afirmação ele conquistou minha admiração. Perin era um habilidoso motorista de caminhão.

Acredito que o pai e a mãe fizeram as honras de receber dona Júlia e Perin com o devido carinho que merecem. Que descansem em paz estas duas belas pessoas. Apesar de eu estar longe de Cotegipe, tantos anos depois, é como se eu estivesse aí, sentindo a perda deles. Força para as duas famílias.

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