O plátano e seus frutos: o outono marca suas folhas

Um vento frio, sol brilhante e céu bem azul marcam a chegada do outono. É a natureza avisando que o frio vai chegar. O calorão cede lugar a um friozinho que vai aumentando, até chegar o rigor do inverno. Algumas geadas chegam já no outono. A estação vem com a Páscoa, e com ela a lembrança de acordar cedinho e colher a milagrosa macela nos campos antes que elas sejam banhadas pelos raios do sol. Um ritual sagrado que fazia todos os anos com meu saudoso pai.

Mas, nada marca mais o outono, além da mudança de luminosidade do dia e do friozinho que chega, do que o plátano. Sim, o plátano, uma árvore gigante, bonita com uma folha que parece uma mão aberta. Meu pai plantou uma dessas às margens do rio que corta o fundo da nossa chácara, em Barão de Cotegipe. Todos os anos eu via o outono chegar em suas folhas, que primeiro ficavam vermelhas e depois amareladas, ou vice-versa, não lembro direito, até caírem. Gostava de subir em seus galhos e ficar admirando o horizonte.

Mas, ela foi ficando velha e os galhos caindo com a força das tempestades. Além disso, o rio derrubou parte do barranco e um tronco pesado caiu sobre a outra margem, formando uma ponte. A última lembrança que tenho é que alguém havia invadido a chácara e cortado boa parte do plátano para fazer lenha. Minha ficou uma fera, e com razão. 

Penso que já prevendo isso, um dia meu pai me convidou para ir à chácara plantar pinheiros. Fomos lá e enterramos diversos pinhões na divisa com a terra da família Tecla. E não é que os simples pinhões vingaram?? Há dois anos, última vez em que estive por lá, os pinheiros estavam lindos, altos e cheios de pinhões. Agora eles devem estar carregados novamente de sementes. Mais uma lembrança majestosa do meu pai.



Mas é outono, o frio vem pela manhã, depois o sol trata de esquentar e a noite ele volta. Uma época bonita. Muitos acham depressiva. E também não deixa de ser, depende de como você observa o por do sol no final da tarde e a sombra da noite que cai por trás da montanha. Sim, há uma tristeza no ar. E quando ela me acometia, corria, fugia do campo e procurava ficar em meio às pessoas.

Mas é outono. Agora vem o pinhão, a bergamota, a laranja, o friozinho gostoso, a geada, o fogão a lenha a todo vapor, o vinho pra esquentar uma bela noite de lua cheia e geada cobrindo os telhados. Agora tudo muda. E tudo fica bonito.

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