No último final de semana estive em Florianópolis, onde fui participar da Festa dos Dinossauros. Ali, em um condomínio na beira da Lagoa da Conceição, estava um grupo de jornalistas que nas décadas de 80 e 90 (alguns antes e outros depois desse período) trabalhou no mais importante jornal de Santa Catarina: O ESTADO. Esse jornal tinha alcance estadual, com sucursais em Chapecó, Joinville, Blumenau, Criciúma e outras cidades menores. 

Como muitos dos amigos que estavam na festa, O Estado foi nosso primeiro emprego como jornalistas, e daí a importância desse encontro. Lembramos de coisas que hoje nem se passa pela cabeça de um jovem repórter da era google. Por exemplo, nossos textos eram escritos em velhas máquinas Remington. O repórter tinha que vir da rua com o texto pronto na cabeça e colocar na lauda (papel)  com o mínimo de erros possíveis. Quando havia muito erro, o jeito era rasgar a lauda e começar tudo de novo. Computador era ficção.

Os textos e fotos das agências noticiosas vinham pelo Telex, o que obrigava o editor a “pentear” o texto, ou seja, retirar uma porção de erros. As fotos vinham num papel muito sensível, onde não se podia colocar o dedo, pois ficava marcado.

Denise, eu, Ricardo e Mirela





Entre as várias situações pitorescas relembradas no encontro, cito uma onde tive participação. Foi a cobertura da fuga de presos do presídio de Florianópolis. Seguimos a PM até o trevo de Joinville. Ali, a polícia montou uma barricada e nós passamos a noite acordados esperando por prisões que não aconteceram. Na manhã seguinte corremos para Blumenau atrás de outras pistas, em vão. Era meio-dia e eu tinha que mandar o texto para Florianópolis. Sentei na máquina de Telex, que era difícil de lidar e fiz o texto de primeira. Uma façanha.

Ah, e naquela época não havia celular para comunicação urgente com a redação. Era tudo no orelhão mais próximo, e às vezes, nem tão perto.  
Também não tinha o Santo Google, onde hoje se encontram todas as respostas às pesquisas. Tínhamos que pedir socorro ao prestativo pessoal do arquivo.
O horário de fechamento do jornal também era super rigoroso. Passado o horário, geralmente às 22 horas, e a matéria não estivesse pronta, ia um calhau (anúncio) no lugar do texto e no dia seguinte o repórter tinha que explicar sua lerdeza.

Assim, tivemos um encontro memorável, de um grupo de jornalistas que fez a história do jornalismo em Santa Catarina. Infelizmente, o jornal O Estado não resistiu ao poder da RBS e fechou suas portas na década de 90. 

A grande Festa dos Dinossauros foi realizada em maio, mas não pude participar. Quem quiser saber mais sobre a importância histórica desses jornalistas e do jornal, deve acessar o link http://www.marcocezar.com.br/mural/index.php

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