Vista parcial de Barão de Cotegipe
Vista parcial da cidade de Barão de Cotegipe

Por Jorge Massarolo

Recebi o manifesto abaixo criado por várias entidades do Rio Grande do Sul propondo retirar o nome de Barão de Cotegipe de uma rua em Porto Alegre. A razão principal apontada é que Barão de Cotegipe foi um senador que usou seu poder para manter a escravidão no Brasil. 

"É uma rua que presta homenagem a um homem que, já em sua época, representou um dos mais infames traços da desumanidade: a escravidão e a discriminação racial. Um homem poderoso que usou de seu poder para sustentar a escravidão. A escravidão que tanto mal fez à sociedade brasileira.", diz o texto do manifesto.
Independente da polêmica, é importante conhecer a história dos personagens do nosso país, principalmente de um senador que deu nome ao nosso município. Para quem não sabe, Cotegipe já teve o nome de Floresta. Aqui no blog você vai encontrar várias referências sobre o surgimento de Cotegipe, basta digitar "floresta" na busca.

No link abaixo o escritor Antonio Ducatti Neto conta a história de Cotegipe e sua formação 

- O Grande Erechim e sua história

As entidades que assinam o manifesto lançaram um abaixo-assinado on-line para a retirada do nome da rua. Clique aqui para ver o abaixo-assinado e leia o texto do manifesto a seguir. 



Contra o racismo na rua! Alterar o nome da rua Barão de Cotegipe

O Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão. O processo que resultou na Lei Áurea foi a consequência de uma série de resistências negras e lutas abolicionistas. Para romper os grilhões, sangue foi derramado. Desde o horror dos tumbeiros, da luta dos quilombos, até a discriminação vivenciada nos dias de hoje, o racismo mostra sua terrível face. Mas cidadãos de Porto Alegre se manifestam contrários à desigualdade racial. E protestam contra sua perversidade.

Mário Quintana olhava o mapa da cidade como se examinasse a anatomia de seu corpo e dizia sentir uma dor infinita das ruas de Porto Alegre. À margem da poética, há uma rua que causa uma dor infinita. É uma rua que presta homenagem a um homem que, já em sua época, representou um dos mais infames traços da desumanidade: a escravidão e a discriminação racial. Um homem poderoso que usou de seu poder para sustentar a escravidão. A escravidão que tanto mal fez à sociedade brasileira. Um Barão, um Senador, isolado em um contexto cultural que já reconhecia a brutalidade da escravidão, e que votou contrário à sua abolição. Enquanto o Senado aprovava a Lei Áurea, um Barão do Senado atrevia-se a dizer não! Mesmo diante dos clamores de Joaquim Nabuco, de Machado de Assis, da luta empreendida por André Rebouças, por Maria Firmina, por Luís Gama, por Maria Figueira Lima! Um Barão negava o valor da igualdade e da liberdade. Negava o valor da pessoa humana. E pregava a manutenção da indignidade de três séculos de escravidão! Pois esse Barão, denominado de Cotegipe, é nome de um logradouro em Porto Alegre.



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A Porto Alegre que reconhece Abdias do Nascimento, que se encontra no Largo Zumbi dos Palmares, nos Campos da Redenção, que afirma a dignidade do Areal da Baronesa, não merece uma rua com o nome de Barão de Cotegipe! É uma violência silenciosa que se perpetua no cotidiano da cidade. E um desrespeito à condição humana e aos valores que a constituem.

Em um tempo em que o mundo confronta o racismo, onde a estátuas de racistas são derrubadas, é preciso derrubar o nome de uma figura associada a uma nefasta época da história brasileira: o escravismo. Porto Alegre não pode manter essa homenagem – sob pena de compactuar com o racismo! Porto Alegre deve dizer NÃO à discriminação! NÂO ao racismo e aos seus símbolos! E alterar o nome da rua Barão de Cotegipe! Devemos isso ao nosso passado, ao nosso presente e ao nosso futuro. Pela igualdade, pela dignidade humana, dizemos não a esse Barão!

Porto Alegre, 22 de junho de 2020.

Subscrevem esse Manifesto – Porto Alegre contra o racismo na rua – as seguintes entidades e pessoas naturais:

· Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - ABONG

· Associação Cultural Almirante João Cândido

· Associação de Mães e Pais pela Democracia

· Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre

· CEAPE – Sindicato de Auditores Públicos Externos do TCE/RS

· Coletivo Atinuké - sobre o pensamento de mulheres negras

· Coletivo pela Educação Popular TransENEM

· Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito

· Cursinho Popular Carolina de Jesus

· Curso Pré-Vestibular Popular EducaMed

· Democracia Gremista

· Emancipa Cursinho Popular Pré-Universitário

· Federação Israelita do Rio Grande do Sul

· G. E. L. Cultura Africana

· Grupo de Trabalho em História da África (ANPUH-RS)

· Grupo de Trabalho Emancipação e Pós-Abolição (ANPUH-Nacional)

· Grupo de Trabalho Ensino de História e Educação da Associação Nacional de História / seção Rio Grande do Sul

· Instituto Brasileiro da História e da Cultura Afro-Brasileira

· Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico

· Instituto de Acesso à Justiça

· Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos

· Instituto Zoravia Bettiol

· Jornal Estado de Direito

· Laboratório de Ensino de História e Educação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

· Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul (MNU/RS)

· Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e Africanos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NEAB/UFRGS)

· Organização Não Governamental Movimentação

· Ponto de Cultura Africanamente

· Pré-Vestibular do PT KiLomba Pré-vestibular Popular

· Pré-Vestibular Popular Dandara dos Palmares

· Projeto Direito no Cárcere

· Rede Afrogaúcha de Profissionais do Direito

· Sempre Mulher - Instituto de pesquisa e intervenção sobre relações raciais




















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