Kalislei Rosinski e o cineasta Shubhranshu fazem campanha na internet para arrecadar fundos e concluir o filme que mostra a obsessão do indiano por leite

A cotegipense Kalislei Rosinski na Índia
Divulgação/Facebook







A  jornalista e professora de yoga Kalislei Rosinski extrapolou os limites de sua terral natal, Barão de Cotegipe (RS), e há três anos mora na Índia, onde se lançou numa empreitada ousada. Ela e o cineasta indiano Shubhranshu se uniram para produzir o documentário The Holy Cow – Truth Begind India’s Milk Obsession (A Vaca Sagrada – A verdade Atrás da Obsessão Indiana pelo Leite), que  pretende revelar como as vacas sofrem para que o costume de consumir leite seja mantido no naquele país.

Grande parte da população da Índia não come carne de vaca pois a considera um animal sagrado, mas o consumo de leite é altíssimo. Em contrapartida, o número de vacas que sofrem maus-tratos pelas ruas é "assustador", segundo Kalislei, além da grande quantidade de abatedouros clandestinos. Os gases emitidos pelos animais também são altamente nocivos para o meio ambiente. O país tem 1,2 bilhão de habitantes, seis vezes mais gente do que há no Brasil. 

                                          Clique e veja o vídeo da campanha 
Para conseguir gravar o filme, Kali e Shubhranshu estão fazendo uma campanha no site de financiamento coletivo Indiegogo  (clique aqui) pedindo US$ 7 mil (cerca de R$ 22.500,00). O dinheiro servirá para comprar equipamentos de vídeo e áudio, pesquisas, viagens e para a pós-produção. É possível fazer as contribuições por meio de um cartão de crédito internacional ou então entrar em contato com Kalislei pelo e-mail kalirosinski@gmail.com. 
Leia a seguir um bate-papo com Kalislei:

- Como vai ser interferir em algo tão sagrado para a cultura e religião hindu?
Kalislei Rosinski - Nós iremos tocar em algo muito delicado, visto que o uso do leite e seus derivados está muito presente nos hábitos diários dos indianos. Além de usar em sua alimentação diária, eles também usam em cosméticos, medicina e na sua adoração e rituais. Como eles adoram a vaca, acreditam que tudo que vem dela é sagrado, inclusive a sua urina, que é usada como medicina. Nós acreditamos que esse choque de consciência é necessário, pois se para um país como o Brasil ainda falta muito esclarecimento nesse assunto, na Índia, muito mais. Nós iremos tocar em um assunto muito delicado, e acreditamos que após o lançamento do filme, poderemos ter críticas e oposição. Porém, o que será mostrado é a realidade, e também acreditamos que teremos o apoio de muitos que irão abrir os olhos para a triste realidade que a maioria faz questão de ignorar.
Existe muita oposição a matadouros aqui, inclusive muitos hindus ortodoxos quando descobrem algum caminhão camuflado levando vacas à matadouros, acabam agredindo e muitas vezes matando os condutores. Porém, eles ainda não conseguem relacionar o seu consumo de leite e derivados com a matança da sua “mãe vaca”.


- Já encontraram algum tipo oposição? 
Por enquanto não encontramos nenhum tipo de oposição. As pessoas em geral estão sendo receptivas e abertas a conversar sobre o assunto. Porém, falar em matadouros ainda é um pouco perigoso, a maioria dos hindus não sabe da existência, pois a maioria é ilegal. O nosso desafio agora será entrar lá com uma câmera espiã.
 
Vacas em rua da Índia: abandono / Divulgação


- Como está a arrecadação de fundos. Quanto vocês vão precisar?
A arrecadação está um pouco lenta, mais que nós esperávamos. A nossa campanha no crowdfunding está estimada em 7 mil dólares. Optamos por um valor baixo pois esse documentário não visa nenhum lucro pessoal, nós estamos trabalhando nele apenas pela causa animal e ambiental em relação ao veganismo.

- Há quanto tempo você está na Índia, em que lugar ou cidade exatamente?
Eu estou morando na Índia há quase três anos. Nesse momento estou morando em Delhi, a capital do país devido ao projeto do documentário e as filmagens. Porém, já morei em Rishikesh, Manali, Surat e outros pequenos vilarejos.

Kalislei em posição de yoga/Facebook


- Voce está se mantendo como professora de ioga?
Fiz muito trabalho voluntário e morei em muitos ashrams, que eram de graça ou doação, o que transformou o meu custo de vida muito baixo. No início tinha um pouco de dinheiro que eu havia economizado, depois enviei produtos indianos para vender no Brasil. Após a minha formação como professora de yoga, é como venho me mantendo, além, claro da ajuda da minha família quando preciso.

- Você está fazendo algum outro estudo?
Todos os meus estudos na Índia foram voltados ao yoga, meditação, reiki, ayurveda, veganismo e meio ambiente.


- Porque esta paixão pela Índia?
Minha paixão pela Índia é antiga. Desde que eu era criança ou adolescente tinha uma fascinação por esse país sem mesmo entender direito o porque, e nem conhecer muito sobre. Talvez pelo misticismo, cultura e tradições. Com o tempo, essa paixão foi amadurecendo enquanto eu aprendia mais sobre esse país. Quando me tornei vegetariana, há 11 anos, e descobri que a Índia tem a maior população de vegetarianos do mundo, aquilo me encantou ainda mais. Eu pensava que aqui era o paraíso para os veganos e os animais. Após alguns anos comecei a meditar e comecei meus primeiros contatos com o yoga, ambos originários na Índia. E aos poucos minha paixão se transformou em amor. 
Claro que nem tudo foi mágico como eu esperava, principalmente após estar morando aqui,. Vi que a realidade dos animais era bem diferente da minha idealização, e por isso surgiu a ideia do documentário.


Kalislei contempla uma das belas paisagens da Índia/Facebook



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