Acordei neste sábado com um dia bonito, sol forte, friozinho chegando e um céu azul iluminado. A brisa fria me lembrou do sul. Fiz um chimarão, coloquei o CD do gaúcho Vitor Ramil (Ramilonga, a estética do frio) e fui lagartear no sol.
Minha mulher me acompanhou em algumas cuias enquanto nosso guri brincava com o carrinho na terra. A boa música do Vitor Ramil me fez voltar para os pampas. A letra é intimista, poética, carregada com elementos naturais como o vento, a lua, o pampa, o frio, o homem do campo, a solidão e o amor.
Toda as músicas são bonitas, mas “Gaudério” do poeta João da Cunha Vargas, cantado por Ramil, é demais.
É o gaúcho típico. Veja alguns trechos:
“E quanto baile acabei solito,
sem companheiro
Dava um tapa no candeeiro
Um talho no mais afoito
Calçado no trinta e oito botava pra fora o gaiteiro”
Essa é sobre como o gaúcho do pampa encara a morte
“Não quero morrer de doença
Nem com a vela na mão
Eu quero guasquear no chão
Com um balaço bem na testa
E que seja em dia festa de carreira ou marcação
E peço, quando eu morrer
Não me por em cemitério
Existe muito mistério
Prefiro um lugar deserto
E que o zaino paste perto
Cuidando dos restos gaudérios
E vou levar quando eu for
No caixão algum troféu: chilena, adaga, chapéu,
Meu tirador e o laço
O pala eu quero no braço
Pra gauderiar lá no céu!”
A arte é do pintor Marciano Schmitz
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