Ora, ora, por que não o Pokémon GO? Houve uma época em que a diversão da criançada era caçar borboletas, pegar passarinhos em arapucas e praticar outras “brincadeiras” com animais. Nos olhos de hoje, todas politicamente incorretas.

Então, por que não deixar a criançada e adultos correrem atrás desses estranhíssimos monstrinhos virtuais, com nomes mais estranhos ainda, pelas ruas, parques e praças? Se já não é mais possível caçar borboletas ou passarinhos, que se use a tecnologia para uma diversão sintética. Assim como antigamente vieram os bichinhos virtuais e todas as crianças queriam um, agora a febre mundial é o Pokémon.

O jogo foi inspirado no desenho animado japonês Pokémon, sucesso infantil na década de 1990, que tinha como personagens os monstrinhos Pikachu, Charmander e Squirtle. O game usa realidade virtual associada ao sistema de localização por satélite (GPS) para espalhar os pokémon pelas cidades. A brincadeira é caçar e colecionar os monstrinhos, que só podem ser visualizados e capturados com o smartphone. Uma brincadeira que fez as ações do grupo Nintendo crescerem 90% em um mês.

A ideia é boa. Em vez de deixar o jogador trancado em casa, em frente ao monitor, o objetivo é fazer com que ele se exercite atrás dos bichinhos pelas ruas da cidade. E deu certo. Reportagem do Correio mostrou que o game está unindo pais e filhos na busca conjunta dos bichinhos. Isso é bom. Tira o filho do isolamento e fortalece o contato familiar. 

No Facebook vi um vídeo com o depoimento emocionado da mãe de um jovem autista. O jogo teve o poder de tirá-lo de dentro de casa, levá-lo para a rua e fazer com que interagisse com outras pessoas. Pronto, já valeu. Porém, tem muita gente distraída pelas ruas, com os olhos grudados no celular e sofrendo acidentes. São vários os relatos de pessoas que caíram em lagos, foram atropeladas, assaltadas e multadas enquanto procuravam os Pikachus.



Como nenhum almoço é de graça, as teorias da conspiração levantam alertas contra o jogo. Um deles é a invasão de privacidade. Quando você instala o aplicativo dá permissão para acessar sua lista de contatos, localização precisa ao GPS e leitura de todo o conteúdo gravado no celular. Dados que podem ser usados para várias aplicações comerciais. Ao caçar o inocente bichinho estranho você enviaria, de graça, informações sobre ambientes internos, como de sua casa, apartamento e de órgãos públicos. Isso complementaria o mapeamento mundial de áreas externas feitas pelo Google. 

Bem, o fato é que a partir do momento em que liga seu celular ou computador você já passa informações sobre sua vida pessoal para o “Grande Irmão”, independente do Pokémon GO. Mas quem vai deixar de usar o celular ou de entrar numa rede social? Então, porque não Pokémon GO? Mas, como toda febre, a temperatura já está baixando.

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