Por Jorge Massarolo
A Harley-Davidson V-Rod Muscle surgiu da inspiração de dragsters,
superbikes e da herança das motos de corrida da marca
Todo apaixonado por motocicletas tem o sonho de um dia ter uma lendária Harley-Davidson na garagem, ou então, pelo menos dar um passeio com ela. E foi com essa ansiedade que fui até São Paulo buscar minha primeira Harley para avaliação para o Correio. Por fotos, já tinha visto que V-Rod Muscle era um “monstro” no bom sentido para uma motocicleta, mas, ao vê-la de perto, fiquei impressionado. A moto mede 2,4 metros de comprimento e pesa 307 quilos. O pneu traseiro é imenso, tem 249 milímetros de largura e seu design agressivo, imponente e futurista geram uma tremenda adrenalina.
Acostumado com a leveza das motos esportivas e trail, fiquei pensando como é que eu ia me virar com aquele gigante no trânsito de São Paulo, que evito a todo custo. Esta não é uma moto para cidade, pensei. É pura estrada. Entre ansioso e tenso, dei a partida — um sensor de aproximação ativa e desativa a ignição e o alarme. Esperava um ronco estrondoso, estilo Harley-Davidson, mas o que ouvi foi um barulho manso, mas denso, nada ruidoso para um motor de 1.247 cm³ com 122 cv de potência. Engatei a primeira marcha, saí de mansinho e logo percebi a primeira diferença. Meus pés ficaram no ar, procurando as pedaleiras no local onde estariam automaticamente nas outras motos. Mas na V-Rod não. Elas estão lá na frente. E de cara tive que virar uma esquina. Devido a grande distância entre eixos, (1,7 metro), o ângulo de curva aumenta muito.
Foto: Divulgação

Escapamentos em cromo acetinado dão o toque final no estilo agressivo da V-Rod Muscle
Logo percebi que teria que mudar meu estilo de pilotagem. O corpo forma um “C”. O quadril fica lá atrás e os braços e pernas esticados para frente. Um problema para quem tem braços curtos. E lá fui eu. Logo entrei na Marginal Pinheiros. Em alguns momentos até ousei andar no corredor entre os carros, mas em boa parte do tempo me comportei como um veículo — o peso e dimensão da V-Rod não permitem manobras rápidas — até porque não gostei muito das buzinadas dos motoboys.
Painel
Como a via tem velocidade limitada, precisava controlar o tempo inteiro o acelerador do potente motor, e aí surgiu uma dificuldade. O velocímetro é analógico com os números pequenos e saltando de 20 em 20km/h. Era difícil saber com precisão onde estavam os 50km/h ou 70km/h, por exemplo, dois dos limites impostos na Marginal Pinheiros. Outro detalhe é que os números são pequenos e pintados de cinza sobre uma faixa preta no painel. Difícil de enxergar, dependendo do posicionamento da luz. O que em outras motos basta uma rápida conferida, na Muscle tinha que perder mais segundos calculando a velocidade. O painel triplo — com velocímetro, conta-giros e medidor de combustível integrados — é montado no guidão de formato angular e com iluminação de LED. Bem, eu também gostaria de um computador de bordo e um prático indicador de marchas no painel, mas é uma Harley.



O painel triplo da V-Rod Muscle é analógico e segue a linha da marca
Sobrevivi ao teste de arrancada e logo entrei na Rodovia dos Bandeirantes. Eu e moto suspiramos aliviados, pois o caos do trânsito urbano não é para nós. Adoramos a liberdade da estrada. Não é preciso dizer que com um motor de 1.250 cilindradas basta puxar o acelerador e a velocidade parece não ter fim. O asfalto vai sendo engolido enquanto o velocímetro dispara. O motor é manso até 4.500 rpm, depois disso ele solta toda cavalaria pesada. É um soco de potência, como diz o slogan da própria Harley-Davidson.
Sai da frente porque a Muscle pede passagem. Aí entra todo o desempenho do arrojado projeto ciclístico da Harley. Ela é completamente estável, mas exige cuidado nas curvas, pois abre muito a dianteira e raspar a pedaleira é fácil. Outra característica deste motor, desenvolvido em parceria com a alemã Porsche, é a elasticidade, que evita ficar trocando de marcha todo o tempo.
Viagem
É uma moto para encarar uma boa viagem, no entanto, sua autonomia não é lá muito grande. O tanque comporta generosos 18 litros de gasolina, e, a uma média de 15km/l, vai ter que parar a cada 250km para abastecer. Detalhe: o tanque fica sob o banco do piloto, o que torna o centro de gravidade mais próximo do chão, aumentando a estabilidade.
A Harley-Davidson V-Rod Muscle é uma moto que impõe respeito tanto na estrada como na cidade. Ela chama a atenção por onde passa. São elogios pela beleza e design. Com seu largo pneu traseiro, perfil baixo, agressivo e guidão inspirado em dragstrip, ela é bonita e poderosa.

A lanterna traseira em LED da V-Rod Muscle "abraça" o para-lama e acentua o enorme pneu de 240 milímetros
As diferenças estão nos detalhes, como as luzes indicadoras de direção em LED, que estão integradas às hastes dos espelhos retrovisores. Os indicadores de direção ficam posicionados em cada lado do guidão e desligam automaticamente. Bem prático. Na traseira, as lanternas e luzes indicadoras, também em LED, abraçam o para-lama e acentuam o enorme pneu traseiro. O assento tem um design côncavo, baixo, o que reforça a sensação de segurança e de controle. Quanto a vibração e o calor emanado do potente motor, achei dentro da normalidade.
A Harley-Davidson também caprichou no sistema de exaustão, que é formado por dois escapamentos laterais, retos, com acabamento em cromo acetinado. Por fim, a V-Rod Muscle é uma máquina esportiva para um público jovem em busca do espírito de liberdade sobre duas rodas, marca da lendária Harley-Davidson.

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem