Por Jorge Massarolo


Fotos- Verônica Cardoso
A XT 660R é espartana e ágil, boa para andar na cidade e se divertir na terra, mas falta conta-giros e marcador de gasolina no painel

Traçar um paralelo entre a Yamaha XT 660R e a Ténéré 660Z com ABS é como comparar, a grosso modo, duas irmãs. Afinal, elas têm origem na mesma família, o mesmo motor monocilíndrico de 659,7 cilindradas, 4 tempos, SOHC e refrigeração líquida, 4 válvulas e potência máxima de 48 cv a 6 mil rpm, mas o mapeamento eletrônico é diferente. Justamente para adequar aos perfis de cada modelo.

É esta pequena diferença que torna a XTR mais explosiva. Na família, ela seria a jovem rebelde, forte, potente, cheia de energia e pronta para sair com o nariz empinado e jogando pedra para trás a qualquer momento. Já a Ténéré tem todas as características da irmã rebelde, mas é mais controlada e madura.

A lendária Ténéré 660Z é uma Touring Adventure e chama a atenção por onde passa pelo seu estilo imponente e agressivo, com destaque para o para-brisa 


As duas têm a mesma altura, 865 milímetros do solo, o que exige um pouco mais de perna do piloto, mas a Ténéré passa a impressão de ser mais alta devido ao grande tanque de combustível que comporta 23 litros, contra 15 da XTR. Aí já dá para perceber o perfil de cada uma. A Ténéré foi concebida para a estrada, apesar de enfrentar tranquilamente o trânsito urbano. Rodei cerca de 800 quilômetros, sendo uns 450 na estrada e obtive a satisfatória média de 21km/l, ou seja, o tanque dá uma autonomia de até 450km, ideal para longas viagens. Já na cidade, esta média cai para 18km/l.


ESTRADA

Falando em estrada, outra diferença entre as duas motos é o para-brisa frontal que equipa a Ténéré. Enquanto na XTR o peito recebe toda a resistência do vento, tornando uma viagem acima de 130km/h mais cansativa, na Ténéré o para-brisa desvia o vento para os lados e para cima. É possível manter alta velocidade confortavelmente. No entanto, se o piloto for um pouco mais alto, o para-brisa joga o vento no capacete, provocando turbulência e barulho. Para evitar isso, muitos motociclistas têm adaptado defletores para deslocar o ar mais para cima.


Se a Ténéré reina na estrada, a irmãzinha rebelde leva vantagem no trânsito urbano. Ela é ágil, esperta, fácil de manobrar, se esgueira entre os carros com grande facilidade, como se fosse uma moto menor. A Ténéré também faz tudo isso, mas seu porte avantajado não permite muitas liberdades. É bom lembrar que a Ténéré pesa 215kg, contra 181kg da irmãzinha, uma diferença de 34kg. No entanto, sua altura permite trafegar livremente pelos corredores sem atingir nenhum retrovisor. Do asfalto para a estrada de terra, não precisa falar muito. A Ténéré foi sete vezes campeã do rali Paris-Dakar. A XTR segue a mesma linha e por ser mais espartana, é mais leve para encarar terrenos acidentados.


APAGÃO

O câmbio das duas motos é preciso, mas o da XTR ganha em maciez. A troca de marchas na Ténéré, principalmente em baixa velocidade, produz um estalo muito forte. As duas motos exigem a troca constante de marchas e não é aconselhável deixar cair a rotação, pois o motor “apaga” mesmo em movimento. Aconteceu duas vezes comigo na Ténéré. Levei um susto, pois uma vez estava em uma curva e na outra tinha uma fila de carros atrás.

Outro detalhe que incomoda na Ténéré é ter apenas uma saída de escapamento do motor, o que acaba concentrando todo o calor no lado esquerdo, esquentando a perna do piloto e do carona em qualquer velocidade. Na XTR não há esse problema, pois os dois canos que saem do motor dissipam muito bem o calor.

A Ténéré 660Z, com freio ABS,  encara qualquer terreno, mas seu forte é a estrada


EQUIPAMENTOS

Parece até que a XTR está levando vantagem em relação à Ténéré, mas não é bem assim. O farol da estradeira ilumina muito bem. Não que o da XTR seja ruim, mas o da Ténéré é superior. Ambos os painéis são digitais, mas o da XTR não tem conta-giros e nem marcador de combustível. Vem com o básico, velocímetro, hodômetro total e dois parciais e hodômetro de combustível (F-Trip), uma luz amarela que indica quando entra na reserva (ainda restam 5l) e relógio. Já o da Ténéré é bem posicionado e basta o piloto mover os olhos para verificar os instrumentos. Tem conta-giros analógico e marcador de combustível digital, além de odômetro total, parcial e o de combustível. Um indicador de marchas e um computador de bordo seriam bem-vindos, principalmente por ser uma moto estradeira. 

No quesito frenagem, a Ténéré vem equipada com freio ABS, dois discos dianteiros de 298 milímetros e um traseiro de 245mm. Já a XTR não tem ABS e vem com apenas um disco dianteiro de 298mm e um traseiro de 245mm. Isso significa que, em qualquer freada brusca, o pneu traseiro arrasta. Quanto a parte ciclística, as duas motos apresentam excelente suspensão, estabilidade e capacidade para encarar qualquer terreno.

RESUMO

Por fim, a lendária Ténéré é uma Touring Adventure, com foco em viagens longas com conforto. E devido ao seu estilo imponente, agressivo e belo, chama a atenção por onde passa. Já a XTR é uma trail grande, com versatilidade para o uso no dia a dia, mas que nos finais de semana gosta de brincar na terra. Sem dúvida, as duas irmãs cumprem os objetivos a que foram criadas.

A XT 660R 'é uma trail grande, com versatilidade para o uso no dia a dia, mas que nos finais de semana gosta de brincar na lama


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